Proibido desde 2009, bronzeamento artificial segue sendo oferecido no Rio; clínicas têm milhares de seguidores nas redes
10/09/2025
(Foto: Reprodução) Bronzeamento artificial no Rio segue proibido e coloca clientes em risco
Depois de um longo inverno, muitas pessoas buscam o bronzeado perfeito. Algumas recorrem a clínicas de bronzeamento artificial no Rio sem saber que o procedimento é proibido desde 2009 e pode causar queimaduras, cicatrizes e até câncer de pele.
Entre as clínicas que oferecem o serviço estão o Espaço VIP Bronze, na Taquara, o Marcelle Bronze e a Diva Bronze, todas com grande divulgação nas redes sociais. A promessa de “bronze perfeito” e a sonhada marquinha faz com que clientes paguem entre R$ 40 e R$ 70 por sessão.
Uma cliente que buscou o serviço no Espaço VIP Bronze relatou que procurou o bronzeamento para se sentir mais bonita após o término de um relacionamento.
"Me sentir mais bonita. Eu acabei de passar por um divórcio. Estava realmente procurando me sentir melhor."
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Durante a segunda sessão, ela presenciou outra cliente passando mal dentro da câmara.
“Ela sentou na câmara enquanto a gente foi buscar água e biscoito porque tinha baixado a pressão dela.”
Poucos minutos depois de iniciar a própria sessão, a cliente começou a sentir coceira intensa e surgiram placas vermelhas pelo corpo. Mesmo assim, os profissionais insistiram em continuar.
“Eu comecei a me coçar muito. Perguntei se era assim mesmo e me responderam: ‘É assim. Por causa do produto que você passou agora.’ Ah, às vezes acontece.”
A cliente, ao procurar um dermatologista, alertou para o risco do procedimento, especialmente considerando que o pai dela teve câncer de pele “Eu jamais poderia ter passado por um procedimento desses.”
A cliente registrou ocorrência na Delegacia do Consumidor e denunciou a clínica ao Procon e à Vigilância Sanitária. Quinze dias depois, ela ainda apresenta pequenas marcas nas mãos.
A dermatologista Regina Schechtman, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio, alerta.
“As camas de bronzeamento aumentam muito o risco de câncer de pele, incluindo o melanoma, o mais grave de todos. Existem métodos seguros, como autobronzeadores, que não colocam a saúde em risco.”
Apesar das proibições, muitas clínicas continuam oferecendo o serviço. O Marcelle Bronze, com quase 8,5 mil seguidores nas redes sociais, se apresenta como referência em bronze de máquina deitada.
Já a Diva Bronze se diz pioneira no bronzeamento artificial, com sedes no Rio, São Paulo e João Pessoa.
A Vigilância Sanitária do Rio afirma que realiza fiscalização, mas que as clínicas são frequentemente fechadas quando a prática é confirmada. Somente bronzeamento a jato, autobronzeamento e bronzeamento a fita são permitidos.
Fiscalização e proibição
A Anvisa proíbe a importação, comercialização e uso de câmaras de bronzeamento artificial para fins estéticos desde 2009. De acordo com a agência, a fiscalização é responsabilidade das vigilâncias sanitárias locais.
A Vigilância Sanitária do Rio informou que visitou o Espaço VIP Bronze nos dias 5 e 22 de agosto, quando a cliente passou mal, mas encontrou o local fechado. A fiscalização reforçou que locais que oferecem bronzeamento UV de forma irregular são fechados.
Algumas clínicas procuradas pela reportagem, bloquearam contatos ou não retornaram mensagens. O Marcelle Bronze bloqueou o telefone do veículo, enquanto a Diva Bronze não respondeu.
Já o Belo Bronze Studio afirmou que atualmente realiza apenas bronzeamento natural, diferente do que é divulgado nas redes sociais.
O uso de câmaras de bronzeamento com radiação ultravioleta aumenta em 75% o risco de desenvolvimento de melanoma, segundo a Vigilância Sanitária.
A Delegacia do Consumidor informou que está investigando o caso e vai ouvir testemunhas e os representantes legais da empresa.
Equipamento de bronzeamento UV: aumenta o risco de melanoma, alerta dermatologista
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Cabine de bronzeamento artificial em clínica do Rio, prática proibida desde 2009
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